Esses dias a Luíza escreveu no blog dela (Potencial Gestante) sobre as mudanças na vida da gente, depois que viramos mães. Ela sabia que a vida ia mudar, mas não sabia que quem mudaria, na verdade, seria ela mesma.
Aí eu me liguei na conversa que tive segunda-feira com minha amiga Dayanne. Ela falou que não está preparada para ser mãe, porque não saberia abrir mão de algumas coisas, como eu abri. Nada demais, mas que agora ela não quer, quer curtir a vida. Ela tá certa, é nova e não tem alguém ao lado dela para ser apoio e o pai que um bebê merece.
Mas eu refleti sobre as coisas que eu passei a não fazer mais – mesmo que não me façam falta.
Eu não pinto mais as unhas – explico: eu sempre fiz minhas unhas eu mesma, porque não acerto uma manicure que consiga me agradar (ou tiram muito minha cutícula e me deixam tomando choque em coisas sem eletricidade, ou tiram tão pouco que ficam cheias de esmalte; ou tiram tanto as sobras de esmalte que entram unha adentro com a acetona, ou tiram de menos, sobrando dedo afora… e por aí vai). Daí, com filho pequeno, que mama no peito, não dá pra se dar ao luxo de ficar 4 a 5 horas esperando as unhas ficarem sequinhas. Sem contar a higiene, né? Unhas sem esmalte são muito mais higiênicas. E o medo do pequeno ser alérgico ao toque com o esmalte? E onde deixar o bebê na hora de pintar as benditas? No quarto? E aí, se ele chora enquanto o esmalte ainda tá sendo passado? Quem pega no colo para acalmar? E outros motivos… Então corto, tiro cutícula, lixo… e passo no máximo uma basezinha hipoalergênica.
Eu não pinto mais os cabelos – de novo: imagina você lá no salão, o bebê respirando aquele cheiro de amônia… não dá! E eu sempre pintei em casa. Pensa no cara chorando e você não podendo pegar no colo porque a mão tá de luvas melecadas de vermelho super intenso? Ou ainda não poder dar mamá porque tá acabando o tempo de ação da tinta, e não pode passar dos 45 minutos senão explode? Fiz luzes em casa, mas foi tudo MUITO cronometrado – e graças a Deus o Diogão colaborou e ficou numa boa com o papai.
Eu não bebo uma lata de cerveja ou uma taça de vinho sozinha – não dá, né, gente? Quem gosta de beber sabe o quanto é ruim dar só umas bicadinhas na bebida que mais gosta. Mas eu sei da importância de não tomar mais a cerveja para acompanhar os petiscos. Fico no suco de laranja, e dou uns golinhos do copo do marido só pra não ficar com lombriga.
Eu não como mais minha comida do começo ao fim – raros momentos que posso usufruir de um prato de macarrão quentinho do começo ao fim. Ou alguém (leia-se minha mãe) tá com ele no colo, ou ele dormiu profundamente (às 23h) e eu consegui comer com calma. Domingo fomos a um aniversário, ele calmo no colo do pai, e eu engoli a comida para não dar tempo de ele chorar. Vida tirana.
Nunca mais saí para um barzinho sem bagagem – aliás, nunca mais fui a um barzinho. Mas fui à quermesse da cidade vizinha. E levei: sling, carrinho, bolsa com troca de roupas e fraldas, brinquedos… Isso porque ele só mama no peito, imagina quando estiver comendo…
Nunca mais fui pra balada – isso eu não sinto nenhuma falta, mas não tem cabimento deixar meu filho sem o “mamá” dele porque eu quero me divertir noite afora. Sem contar que é muita folga pedir pra minha mãe ou minha sogra ficar sem dormir (porque ele não vai dormir, certeza) pra eu ficar saracutiando por aí.
Não vou poder ir no SWU, Rock in Rio ou (talvez) ao show do Aerosmith – pensa na cena: a banda sobe ao palco, eu corro pra longe do som alto, e ligo para casa pra saber como tá o bebê; a cada 5 minutos. Vou aproveitar o que do show?
Não saio mais sem carro (eu não dirijo) – Não dirijo, preciso tirar carta, e o carro fica na garagem. Shame on me. Mas fazer oq? Bom… apesar disso, não saio com o Diogo sem carro. Seja de carona com meu sogro, seja de táxi, seja esperar o marido chegar pra dirigir, eu não saio mais sem carro. Imagina eu pegando lotação com ele, carrinho, bolsa… aí vc me diz: um monte de mãe faz isso. Problema delas! (rs) Eu programei meu filho para quando a gente tivesse condições de ter o carro à disposição. Ia tirar carta durante a gravidez, mas tive tendinite no pé e não pude. Logo farei autoescola, mas preciso esperar o Diogo estar nos sucos e frutinhas para poder deixá-lo com a sogra pra ir pras aulas, afinal, sair com ele nesse frio está fora de cogitação (sem contar o transporte público lixo, né?).
Lavo os cabelos só uma ou duas vezes por semana – tá, isso eu já fazia, odeio lavar cabelo e pentear e só não corto curtinho porque não combina com meu biotipo. Mas antes eu fazia por opção, agora é por falta dela. Simples assim.
Outras muitas coisas a gente deixa de fazer por um filho, mas nada disso tem importância. Não ligo mesmo de não poder sair porque ele está resfriado. Não ligo nem um pouco de tomar várias vomitadas no dia, ou de ter de puxar catarro do nariz dele usando minhas mãos. Detesto tomar uma go(l/r)fada concentrada na blusa na hora de sair, é verdade. Principalmente quando a blusa é a única que eu tenho para vestir (já falei que eu não tenho conseguido lavar/passar roupa que não seja dele?), mas relevo.
O gostoso é ir ao supermercado e ouvir “NOSSA, QUE BEBÊ LINDO!”, ou ir ao restaurante, onde ele dorme lindamente, e ver os garçons olhando com aquela carinha meiga.
Delícia é, a cada ida ao pediatra (que tá marcado pras 9h, mas você só entra no consultório 10h30, e só sai de lá perto de meio dia), constatar que seu leite é responsável pelo aumento na balança e os centímetros a mais – e ver as calças começarem a ficar curtas, as camisetas deixarem o umbigo de fora, a coberta não conseguir enrolar da cabeça aos pés com sobra.
Maravilhoso é acordar ouvindo as unhas dele raspando o berço, porque ele gosta do som que faz, e olhar quietinha o sorriso silencioso dele. E os olhinhos dele nos seus quando mama. Ou ouvir sua gargalhada porque você (ou sua mãe) perguntou sussurando: tá frio?
Engraçado é esperar e comemorar um cocô na fralda, um arroto ou pum. É tomar uma mijada master e só conseguir rir da situação. É rir da cara que ele faz tentando olhar pra dentro do cano do inalador. É descobrir pontos de cosquinha e ver que ele adora!
Bom mesmo é ser mãe, adulta, responsável, querer ser tudo na vida de alguém, querer cuidar e educar, alimentar e botar pra dormir, mas é também ser um pouco criança. É poder acordar fazendo caretas, e dormir falando baixinho. É saber que sempre vai ter alguém pra te atrapalhar nas horas importantes (não fiz xixi hoje), mas que um dia vai ter alguém pra te ajudar a escolher a roupa pra sair, correr pra apagar o fogo ou só bater papo mesmo. É fazer carinho hoje, sabendo que logo alguém vai ter fazer de volta. É cuidar de uma dor agora, sabendo que um dia alguém vai cuidar da sua.
Ser mãe não é só abdicar, é também receber. Por isso, não me arrependo de nenhuma mudança que realizei – e das que ainda terei que realizar – na minha vida e na minha casa. E que venham muitas mais mudanças!
Te desafio a achar coisa melhor na vida que cheiro de filho e amor de mãe.